FINANCIAL REPORTING COMO INSTRUMENTO IDEOLÓGICO PARA FINS HEGEMÔNICOS: EVIDÊNCIAS DO BANCO DO BRASIL (1853–1902)

Authors

DOI:

https://doi.org/10.14392/ASAA.2020130208

Keywords:

história da contabilidade, hegemonia, ideologia, Banco do Brasil

Abstract

O objetivo central do nosso estudo é evidenciar e entender como o poder dominante brasileiro se apoderou do financial reporting e da contabilidade em si como instrumento ideológico e consequentemente de controle hegemônico, através da criação de uma realidade que satisfaça seus interesses materiais. A unidade de estudo é o Banco do Brasil entre 1853 e 1902, fase de muitas mudanças sociais, econômicas e políticas no país. Baseando-se na abordagem crítica, em um estudo de caráter histórico através de pesquisa documental primária, utilizamos a plataforma teórica do marxista italiano Antonio Gramsci (1891-1937) em suas definições de hegemonia e ideologia, sobretudo. Os documentos foram analisados segundo questões contábeis específicas, sobretudo o cálculo do lucro e a distribuição de dividendos, além do discurso empregado. As conclusões apontam que o Banco do Brasil ao longo do período áureo da produção cafeeira nacional foi utilizado pelo poder dominante, apoderado do Estado, para a transferência de recursos para a burguesia, contribuindo de maneira importante para a desigualdade econômica e social em nosso país.  Especificamente através da interface entre sociedade civil e sociedade política no seio do Estado Brasileiro durante o período estudado. Em segundo lugar, analisamos o vínculo orgânico entre a estrutura e a superestrutura no Brasil e os efeitos para os beneficiados. Argumentamos, pois, que o financial reporting e a contabilidade são instrumentos de disseminação e controle ideológico, mas ao conterem essas características, evidenciam adicionalmente as contradições do sistema capitalista-burguês.

Downloads

Download data is not yet available.

References

Ashraf, M. J.; Muhammad, F. & Hooper, T. (2019), Accounting signifiers, political discourse, popular resistance and legal identity during Pakistan Steel Mill attempted privatization, Critical Perspectives on Accounting, 60, 18-43. DOI: 10.1016/j.cpa.2018.08.002

Banco do Brasil (1854 - 1902). Relatórios Anuais do Exercícios de 1854 - 1902. Rio de Janeiro. Brasil.

Baker, C.R. & Bettner, M.S. (1997), Interpretive and Critical Research in Accounting: A Commentary on its Absence from Mainstream Accounting Research, Critical Perspectives on Accounting, 8(4), 293-310., DOI: 10.1006/cpac.1996.0116

Bianchi, A. (2008), O laboratório de Gramsci: Filosofia, História e Política. São Paulo: Ed. Alameda.

Bowen, A.G. (2009), Document analysis as a qualitative research method, Qualitative Research Journal, 9(2), 27-40., DOI: 10.3316/QRJ0902027

Burchell, S., Clubb, C., Hopwood, A, Hughes, J. & Nahapiet, J. (1980), The roles of accounting in organizations and society, Accounting, Organizations and Society, 5(1), 293-310., DOI: 10.1016/0361-3682(80)90017-3

Burke, P. (1990). The French Historical Revolution: The Annales School, 1929-1989. California: Stanford University Press.

Carmona, S., Ezzamel, M., & Gutiérrez, F. (2004). Accounting History Research: Traditional and New Accounting History Perspectives. DE COMPUTIS. Spanish Journal of Accounting History, (1), 24–53, DOI: 10.26784/issn.1886-1881.v1i1.239

Carnegie, G. D. & Napier, C.J. (2012), Accounting’s past, present and future: the unifying power of history. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 25(2), 328-369. DOI:

1108/09513571211198782

Cherns, A. B. (1978), Alienation and accounting. Accounting, Organizations and Society, 3(2), 105-114.DOI: 10.1016/0361-3682(78)90020-X

Chiapello, E. (2017), Critical accounting research and neoliberalism. Critical Perspectives on Accounting, 43(2), 47– 64. DOI: 10.1016/j.cpa.2016.09.002

Chua, W. F. (1986), Radical developments in accounting thought. The Accounting Review, 61(4), 601-632.DOI: 10.2308/bria-52377

Cooper, D. J. & Sherer, M. J. (1984), The value of corporate accounting reports: arguments for a political economy of accounting. Accounting, Organizations and Society, 9(3-4), 207-232.DOI: 10.1016/0361-3682(84)90008-4

Furtado, C. (2007), Formação econômica do Brasil. 22a ed., São Paulo: Cia Editora Nacional.

Gramsci (1999). In: Coutinho, C. N., A. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Hines, R. (1988), Financial Accounting: in communicating reality, we construct reality, Accounting, Organizations and Society, 13(3), 251-261, DOI: 10.1016/0361-3682(88)90003-7

Kann, M.E. (1980), Gramsci and modern Marxism, Studies in Comparative Communism, 13(2-3), 250-266. DOI: 10.1016/0039-3592(80)90037-X

Keenan, M.G. (1998), A defense of “traditional” accounting history research methodology . Critical Perspectives on Accounting, 9(6), 641-666. DOI: 10.1006/cpac.1998.0273

Merino, B.D. (1998), Critical theory and accounting history: challenges and opportunities Critical Perspectives on Accounting, 9(6), 603-616. DOI: 10.1006/cpac.1998.0266

Miller, P.B.; Hooper, T. & Laughlin, R. (1991), The new accounting history: an introduction. Accounting, Organizations and Society, 16(5-6), 395-403. DOI: 10.1016/0361-3682(91)90036-E

Miller, P.B. & Napier, C.J. (1990), How and why should we do the history of accounting?, paper presented at HAPC, Denton, Texas.

Morgan, G. (1988), Accounting as Reality Construction: Towards a New Epistemology for Accounting Practice, Accounting, Organizations and Society, 13(5), 477-485. DOI: 10.1016/0361-3682(88)90018-9

Morrow, R.A & Torres, C.A. (2001), Gramsci and popular education in Latin America: from revolution to democratic transition, International Journal of Educational Development, 21(4), 331-343. DOI: 10.1016/S0738-0593(00)00039-0

Netto, A. D. (2009), O Problema do Café no Brasil. São Paulo: Ed. UNESP.

Nogueira, M. A. (2003), Sociedade civil, entre o político-estatal e o universo gerencial. Rev. Brasileira de Ciências Sociais, 18(52), 185-202.

Pacheco, C. (1973), História do Banco do Brasil. São Paulo: Ed. Instituto de Economia da Associação Comercial.

Portelli, H. (1977), Gramsci e o Bloco Histórico. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Previts, G. J., Parker, L. D., & Coffman, E. N. (1990). Accounting history: definition and relevance. Abacus, 26(1), 1-16.DOI: 10.1111/j.1467-6281.1990.tb00229.x

Raphael de Carvalho, E. (1987), A Metafísica da Contabilidade Comercial, São Luis: Edição fac – símile.

Sayed, S., Nunes, T., Souza, M. C. de, & Cornacchione Junior, E. B. (2019). Análise dos estudos em história da contabilidade em teses e periódicos brasileiros (2000-2016). ConTexto, 19(42), 1-12,

Schecter, D. (1990), Two views of revolution: Gramsci and Sorel, History of European Ideas, 12(5), 637-653. DOI: 10.1016/0191-6599(90)90176-F

Secco, L. (2006), Gramsci e a Revolução. São Paulo: Alameda.

Silva, A. F. (2005). A contabilidade brasileira no século XIX:- leis, ensino e literatura. Dissertação de mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Spence, C. (2009), Social accounting’s emancipatory potential: a Gramscian critique, Critical Perspectives on Accounting, 20(2), 205-227. DOI 10.1016/j.cpa.2007.06.003

Tinker, A., Merino, B, D. E Neimark, M. D. The Normative Origins of

Positive Theories: Ideology and Accounting Thought. Accounting,

Organizations and Society, 7(2), 167-200, DOI: 10.1016/0361-3682(82)90019-8

Tinker, A. ; Neimark, M. (1988), The struggle over meaning in accounting and corporate research: a comparative evaluation of conservative and critical historiography. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 1(1), 55– 74. DOI: 10.1108/EUM0000000004620

Viotti da Costa, E. (2010), Da Monarquia á República. São Paulo: Ed. UNESP.

Yee, H. (2009), The re-emergence of the public accounting profession in China: a hegemonic analysis, Critical Perspectives on Accounting, 20(1), 71-92. DOI: 10.1016/j.cpa.2007.03.008

Zhang, E. & Andrew, J. (2016), Rethinking China: discourse, convergence and fair value accounting, Critical Perspectives on Accounting, 36(1), 1-21. DOI: 10.1016/j.cpa.2015.09.002

Published

2020-08-31

How to Cite

Sayed, S. (2020). FINANCIAL REPORTING COMO INSTRUMENTO IDEOLÓGICO PARA FINS HEGEMÔNICOS: EVIDÊNCIAS DO BANCO DO BRASIL (1853–1902). Advances in Scientific and Applied Accounting, 13(2), 154–175. https://doi.org/10.14392/ASAA.2020130208

Issue

Section

ARTICLES

Similar Articles

> >> 

You may also start an advanced similarity search for this article.