"RIDIN' DOWN THE HIGHWAY" - REFLEXÕES SOBRE AS TRAJETÓRIAS DE PROFESSORAS MULHERES NA ACADEMIA
DOI:
https://doi.org/10.14392/asaa.2022150202Palavras-chave:
mulheres, sucesso na carreira, sucesso acadêmico, gênero, contabilidadeResumo
(i) Objetivo
Pesquisas que tratam de gênero concluem que as mulheres avaliam seu sucesso de maneiras distintas, e que tendem a ser diferentes daquelas utilizadas pelos homens (Dyke & Murphy, 2006). As mulheres acadêmicas lutam para se perceberem como bem-sucedidas usando os critérios sociais padrão de sucesso (Hoskins, 2010, 2012), uma luta que é ainda mais difícil em áreas predominantemente masculinas, que têm ritos, símbolos e ritmos não construídos por/para mulheres. Tendo isto em mente, meu propósito é entender melhor como as mulheres acadêmicas percebem seu sucesso na academia em contabilidade no Brasil, uma área predominantemente masculina.
(ii) Método
Para atingir este objetivo, examino as trajetórias de quatro professoras de contabilidade bem-sucedidas no Brasil. Utilizei uma abordagem qualitativa baseada em entrevistas em profundidade.
(iii) Resultados ou Discussões
Minha análise permite concluir que, na mesma medida em que elas são bem-sucedidas considerando os chamados critérios objetivos de sucesso (Hoskins, 2010), ao examinar profundamente as barreiras e os impulsionadores que enfrentaram durante sua trajetória, percebemos o custo pago para chegarem até "o topo", mas as compensações tornam possível "ridin' down the highway".
(iv) Contribuições
Critérios objetivos de sucesso implicam fracassos, desvantagens ou conseqüências negativas para outras dimensões da vida das mulheres, o que pode levar a uma subvalorização de sua sucesso no ambiente acadêmico, e que pode estar relacionada à idéia de sucesso parcial. Este estudo pretende contribuir identificando barreiras e impulsionadores para seguir uma carreira acadêmica em Contabilidade no Brasil, marcada pelo baixo nível de participação de mulheres. Além disso, políticas e ações específicas ajudariam a mudar a situação atual, reduzindo custos ou desafiando critérios tradicionais usados para avaliar o sucesso acadêmico, no caso de mulheres e de outros grupos não-hegemônicos.
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