EVIDÊNCIAS DE ISOMORFISMO E DECOUPLING NA GESTÃO DE CONTROLADORIAS MUNICIPAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Authors

DOI:

https://doi.org/10.14392/ASAA.2020130205

Keywords:

Controle Interno, Administração Pública, Governo Municipal, Teoria Institucional.

Abstract

A pesquisa analisa as práticas em operação em sistemas de controle interno de municípios, buscando fatores que explicariam sua institucionalização nos governos municipais de Belo Horizonte e Uberlândia. A pesquisa valeu-se de dados coletados por meio de documentos, observação direta e entrevistas em profundidade, os quais foram analisados utilizando-se a técnica de Análise de Conteúdo. Os resultados indicam que mecanismos isomórficos, coercitivos, miméticos e normativos são utilizados no processo de institucionalização de novas práticas de controle interno nos governos subnacionais analisados, sendo as práticas adotadas sobretudo em decorrência de pressões e monitoramento de órgãos externos de controle, como os Tribunais de Contas. Além disso, percebeu-se em Belo Horizonte a autonomia organizacional da entidade, que busca por legitimação perante outros órgãos, e em Uberlândia foram constatados fatores contingenciais que prejudicam a institucionalização de novas práticas de controle, conjugados à sobrecarga de serviços operacionais para o setor, o que limita a execução de trabalhos técnicos. Nem todas as práticas de controle estão efetivamente institucionalizadas o que permitiu inferir que essas são adotadas apenas de modo cerimonial, ou seja, há presença do decoupling em práticas de controle concomitante, sobretudo na controladoria de Uberlândia. Os resultados ainda indicam que há resistência dos servidores à adoção de novas práticas de controle interno, o que influencia no seu processo de institucionalização. Percebeu-se nesse trabalho que o bom desempenho das atividades do controle interno em governos locais tende a estar relacionado à sua estrutura organizacional, autonomia, independência e existência de atores capacitados, experientes e com poder, o que aumenta o capital institucional da organização e, por consequência, sua efetividade.

Downloads

Download data is not yet available.

References

Alves, A. G. de S.; Moraes, V. F.de J. (2016). O Sistema de Controle Interno da Gestão Pública do Poder Executivo do Município de Patos/PB. Revista Evidenciação Contábil & Finanças, 4 (3), 56-71. https://doi.org/10.18405/recfin20160304

Anderson, R., Maks, H., Klaassen, H. (2019). An exploratory study assessing compliance among municipal controllers and the possible explanations for their degree of compliance. Journal of Public Affairs, 1-13. https://doi.org/10.1002/pa.2068

Araújo, D. J. C. et al. (2016). Unidades de Controle Interno dos Municípios Brasileiros: Análise sob a ótica do COSO II. Revista Universo Contábil, 12 (2). https://doi.org/10.4270/ruc.2016213

Araújo, R. M. de et al. (2017). Controle Interno no Rio Grande do Norte: Um Estudo na Visão dos Controllers Municipais. Nucleus, 14 (1), 79-94. https://doi.org/10.3738/1982.2278.2143

AMM. Associação Mineira de Municípios. (2018). Caracterização econômica das regiões de planejamento. Disponível em: <https://portalamm.org.br/caracterizacao-economica-das-regioes-de-planejamento/>. Acesso em: 22 de novembro de 2018.

Azevedo, R. R. de. (2016). Resistências ao planejamento de resultados e a lógica orçamentária dominante em municípios. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

Bae, K. B., & Kim, D. (2016). The Impact of Decoupling of Telework on Job Satisfaction in U.S. Federal Agencies. The American Review of Public Administration, 46(3), 356–371. doi:10.1177/0275074016637183.

Berger, P. L.; Luckman, T. (1967). The social construction of reality.

Berger, P. L; Luckmann, T. (2002). A construção social da realidade. 22. Ed. São Paulo: Vozes.Boxenbaum, E., & Jonsson, S. (2017). Isomorphism, diffusion and decoupling: Concept evolution and theoretical challenges. In R. Greenwood, C. Oliver, T. B. Lawrence, & R. E. Meyer (Eds.), The Sage Handbook of Organizational Institutionalism (pp. 79–104). London/UK: SAGE Publications.

Broadbent; J.; Laughlin, R. (2003). Control and legitimation in government accountability process: the private finance iniciative in the UK. Critical Perspectives on Accounting, 14, 23-48. https://doi.org/10.1006/cpac.2001.0525

Burns, J.; Scapens, R. W. (2000). Conceptualizing management accounting change: an institutional framework. Management Accounting Research, 11 (1), 3-25. https://doi.org/lO.l006/mare. 1999.01 19

Carvalho, C. A.; Vieira, M. M. F. (2012). Organizações, cultura e desenvolvimento local: a agenda de pesquisa do Observatório da Realidade Organizacional. GESTÃO. Org-Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, 10 (3).

Castro, D. P. de. (2015). Auditoria, Contabilidade e Controle interno no Setor Público: Integração das áreas do ciclo de gestão: Contabilidade, Orçamento e Auditoria e Organização dos Controles Internos, como suporte à Governança Corporativa. 6ª ed. São Paulo: Atlas.

Cavalcante, D. S.; Peter, M. D. G. A.; Machado, M. V. V. (2011). Organização dos órgãos de controle interno municipal no estado do Ceará: um estudo da região metropolitana de Fortaleza. Advances in Scientific and Applied Accounting- ASAA.

Cruz, M. do C. M. T.; Silva, T. A. B.; Spinelli, M. V. (2016). O Papel das Controladorias Locais no Cumprimento da Lei de Acesso à Informação pelos Municípios Brasileiros. Cadernos EBAPE. BR, 14 (3). http://doi.org/10.1590/1679-395131556

Dewi, N. F., Azama, S. M. F., Yusoff, S. K. M. (2019). Factors influencing the information quality of local government financial statement and financial accountability. Management Science Letters, 9(9), 1373-1384. doi: 10.5267/j.msl.2019.5.013

DiMaggio, P. J.; Powell, W. W. (1983). The iron cage revisited: Institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, 48 (2), 147-160. https://doi.org/10.2307/2095101

Eisenhardt, K. M. (1989). Building Theories From Case Study Research. The Academy of Management Review, 14 (4). https://doi.org/10.5465/amr.1989.4308385

Fernandes, L. D. L. F.; Borges, T. J.; Leite Junior, M. C. R. (2017). Auditoria e Controle Interno no Setor Público e sua Contribuição para a Democracia. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, 15 (1), 642-654. http://doi.org/10.5892/ruvrd.v15i1.4044

Frumkin, P., & Galaskiewicz, J. (2004). Institutional isomorphism and public sector organizations. Journal of Public Administration Research and Theory, 14(3), 283–307. https://doi.org/https://doi.org/10.1093/jopart/muh028Gondo, M. B.; Amis, J. M. (2013). Variations in practice adoption: The roles of conscious reflection and discourse. Academy of Management Review, 38 (2), 229-247. https://doi.org/10.5465/amr.2010.0312

Greenwood, R. et al. (2008). Introduction. In: Greenwood, R. et al. (Eds.). The Sage Handbook of Organizational Institutionalism. Londres: Sage.

Guerreiro, R.; Pereira, C. A.; Frezatti, F. (2008). Aplicação do modelo de Burns e Scapens para avaliação do processo de institucionalização da contabilidade gerencial. Organizações & Sociedade, 15 (44), 45-62. https://doi.org/10.1590/S1984-92302008000100003

Johnson, A. D., & Vaughn, M. S. (2016). Decoupling and Police Organizational Structure. Administrative Theory & Praxis, 38(3), 157–167. doi:10.1080/10841806.2016.1173942.

Kelm, M. L. et al. (2014). Institucionalização das iniciativas socioambientais das organizações: interfaces entre a teoria do desenvolvimento social de Habermas e o isomorfismo da teoria institucional. Cadernos EBAPE. BR, 12, 401-415.

Kewo, C. L. (2017). The influence of internal control implementation and managerial performance on financial accountability local government in Indonesia. International Journal of Economics and Financial Issues, 7 (1), 293-297.

Lacombe, B. M. B.; Chu, R. A. (2008). Políticas e práticas de gestão de pessoas: as abordagens estratégica e institucional. Revista de Administração de Empresas, 48 (1), 25-35. http://doi.org/10.1590/S0034-75902008000100003

Lartey, P. Y., Kong, Y., Bah, F. B. M., Santosh, R. J., Gumah, I. A. (2020). Determinants of Internal Control Compliance in Public Organizations; Using Preventive, Detective, Corrective and Directive Controls. International Journal of Public Administration, 43 (8), 711-723. https://doi.org/10.1080/01900692.2019.1645689

Lino, A. F., Carvalho, L. B., Aquino, A. C. B., & Azevedo, R. R. (2019). A falta de trabalho institucional e mudanças organizacionais incompletas em municípios brasileiros. Revista de Administração Pública, 53 (2). https://doi.org/10.1590/0034-761220170404

Loureiro, M. R., Abrucio, F. L., Olivieri, C., & Teixeira, M. A. C. (2012). Do controle interno ao controle social: a múltipla atuação da CGU na democracia brasileira. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, 17 (60). http://doi.org/10.12660/cgpc.v17n60.3980

Maffezzolli, E. C. F.; Boehs, C. G. E. (2008). Uma reflexão sobre o estudo de caso como método de pesquisa. Revista FAE, Curitiba, 11 (1), 95-110.

Mckinnon, J. (1988). Reliability and Validity in Field Research: Some Strategies and Tactics. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 1(1), 34-54. https://doi.org/10.1108/EUM0000000004619

Meyer, J. W.; Rowan, B. (1977). Institutionalized Organizations: Formal Structure as Myth and Ceremony. American Journal of Sociology, 83(2), 340-363.

Mohammed, A. (2018). Effect of internal control on revenue collection in Kintampo Municipal Assembly. Tese de Doutorado. University of Cape Coast.

Monteiro, R. P. (2015). Análise do sistema de controle interno no Brasil: objetivos, importância e barreiras para sua implantação. Revista Contemporânea de Contabilidade, 12 (25), 159-188. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8069.2015v12n25p159

Mutiara, R., Fachrudin, K. A., & Irawati, N. (2019). Analysis of the Management Information System Implementation of Local Government Asset, Human Resources Capacity and Government Internal Control Systems on North Sumatra’s Provincial Government Financial Statements Quality. European Journal of Economic and Financial Research, 3 (5), 122-141. http://dx.doi.org/10.5281/zenodo.3547836

Nogueira, S. P. da S.; Jorge, S. M. F. (2017). The perceived usefulness of financial information for decision making in Portuguese municipalities: The importance of internal control. Journal of Applied Accounting Research, 18 (1), 116-136. https://doi.org/10.1108/JAAR-05-2014-0052

Nowell, B.; Albrecht, K. (2019). A Reviewer’s Guide to Qualitative Rigor. Journal of Public Administration Research and Theory, 29(2), 348-363. https://doi.org/10.1093/jopart/muy052

O’Donnell, G. (1998). Accountability horizontal e novas poliarquias. Lua nova, 44 (98), 27-54. https://doi.org/10.1590/S0102-64451998000200003.

Oliver, C. (1991). Strategic responses to institutional processes. Academy of Management Review, 16 (1), 145-179. https://doi.org/10.2307/258610

Olivieri, C. (2016). Atuação dos controles internos e externos ao Executivo como condicionante de execução de investimento em infraestrutura no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA.

Pacheco, F. L. (2002). O isomorfismo institucional nos teatros da região metropolitana do Recife. Anais do encontro Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração.

Patton, M. Q. (2015). Qualitative Research & Evaluation Methods. Thousand Oaks, CA: SAGE Publications, Inc.

Patz, R. (2018) Leaking, leak prevention, and decoupling in public administrations: the case of the European Commission, West European Politics, 41:4, 1049-1071, DOI: 10.1080/01402382.2017.1394103.

Pederneiras, M. M. M. et al. (2018). Marcos regulatórios do controle interno: um estudo na ambientação com o controle externo e o controle social no Brasil. BASE – Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos. 15(1), 2-17. https://doi.org/10.4013/base.2018.151.01

Razak, J., Abdullah, M., & Dali, N. (2017). The Effect of Human Resources Competence on the Government Implementation of Internal Control System, Accrual Based Accounting Standards and the Quality of Local Government’s Financial Report. JPEP- Jurnal Progres Ekonomi Pembangunan, 2(2), 15-40.

Robles, B. (2011). La entrevista en profundidad: una técnica útil dentro del campo antropofísico. Cuicuilco, 18 (52), 39-49.

Rusnindita, K. et al. (2017). Determinan Kualitas Sistem Pengendalian Internal Pemerintah. Journal of Research and Applications: Accounting and Management, 2 (2), 141-157.

Scott, W. R. (2003). Institutional carriers: reviewing modes of transporting ideas over time and space and considering their consquences. Industrial and Corporate Change. Vol. 12 (4), 879- 894. https://doi.org/10.1093/icc/12.4.879

Scott, W. R. (2014). Institutions and Organizations: Ideas, Interests, and Identities (4a). London: Sage Publications Ltd.

Sediyama, G. A. S.; Aquino, A. C. B; Lopes, G. B. (2017). A difusão das mudanças da contabilidade pública me municípios. Contabilidade Vista & Revista, 28 (2), 78-100.

Teixeira, M. A. C.; Cruz, M. do C. M. T.; Silva, T. A. B.. (2014). Análise das controladorias municipais brasileiras frente ao modelo da Controladoria-Geral da União: avanços e desafios na promoção da transparência e do controle social. In XIX Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Quito, Ecuador.

Tolbert, P. S.; Zucker, L. G. (1996). The Institutionalization of Institutional Theory. In: Clegg, S. R.; Hardy, C.; Nord, W. R. (Eds.). Handbook of Organization Studies. London: Sage, 175-190.

Tuttle, B.; Dillard, J. (2007). Beyond competition: Institutional isomorphism in US accounting research. Accounting Horizons, 21 (4), 387-409. https://doi.org/10.2308/acch.2007.21.4.387

WHO. World Health Organization. (1994). Qualitative research for health programmes. Geneva: Division of Mental Health.

Published

2020-08-31

How to Cite

Lopes, G. B., Valadares, J. L., Azevedo, R. R. de, & Brunozi Júnior, A. C. (2020). EVIDÊNCIAS DE ISOMORFISMO E DECOUPLING NA GESTÃO DE CONTROLADORIAS MUNICIPAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Advances in Scientific and Applied Accounting, 13(2), 089–111. https://doi.org/10.14392/ASAA.2020130205

Issue

Section

ARTICLES

Similar Articles

> >> 

You may also start an advanced similarity search for this article.

Most read articles by the same author(s)