EDITORIAL

Prezado leitor,

O ASAA Journal apresenta o volume 13, número 2 do ano de 2020 com a publicação de dez artigos científicos inéditos, em temas relevantes como o uso da teoria do nível de interpretação na análise de eventos contábeis, gerenciamento de resultados, impactos da Lei 11.312/06 na participação de investidores estrangeiros, relevância da informação contábil, controladoria e orçamento público, governança corporativa, financial reporting, disclosure e retorno das ações e relação de gastos com P&D e inovação.

A seguir, detalhamos brevemente cada um dos artigos publicados:

O primeiro artigo intitulado “Oportunidades de uso da teoria do nível de interpretação na análise de eventos contábeis: revisão integrativa da literatura”, dos autores Vanderlei dos Santos e Ilse Maria Beuren, tem como objetivo investigar oportunidades de uso da Teoria do Nível de Interpretação (TNI) na análise de eventos contábeis. Esta teoria estabelece que as pessoas representam um mesmo evento em diferentes níveis de interpretação, em decorrência das diferentes dimensões da distância psicológica do indivíduo e seu alvo, o que reflete na tomada de decisão. A partir de uma revisão integrativa da literatura foi realizada uma síntese e crítica de artigos selecionados em seis bases internacionais, além da proposição de uma agenda de pesquisa.

O segundo artigo, dos autores Willams da Conceição de Oliveira, Nadia Cardoso Moreira, Silvania Neris Nossa e Danilo Soares Monte-Mor, tem como título “Gerenciamento de resultados e o detalhamento dos covenants”. O artigo tem como objetivo investigar a relação do detalhamento dos covenants financeiros com o nível de gerenciamento de resultados. Contempla uma amostra com companhias brasileiras não financeiras de capital aberto no período de 2010 a 2018, em um total de 1.288 observações. Os resultados apresentam evidências de que a existência de covenants financeiros está associada a maiores níveis de gerenciamento de resultados.

No terceiro artigo, intitulado “Impactos da lei 11.312/06 sobre a participação de investidores estrangeiros no volume de títulos públicos brasileiros”, dos autores Josiane Maria Haese e Fernando Caio Galdi, o objetivo é evidenciar consequências da ocorrência de tributação implícita em ativos financeiros do Brasil. A principal hipótese testada é que o volume de investimento de capital estrangeiro nesses títulos públicos aumentou após a vigência da Lei 11.312/06. Os resultados encontrados foram estatisticamente significativos, tanto na análise do valor total de títulos públicos, quanto na análise individual dos quatro títulos mais representativos detidos pelos estrangeiros.

O quarto artigo, intitulado “Análise do efeito moderador da liquidez no modelo de relevância da informação contábil no Brasil”, dos autores Pedro Cosentino Delvizio, Marcelo Álvaro da Silva Macedo, Juliana Molina Queiroz e Paula da Silva Lopes, têm como objetivo analisar o efeito moderador da liquidez das ações na relevância da informação contábil. A amostra foi composta por todas as empresas com ações negociadas na Bovespa e com dados disponíveis, totalizando 1220 observações no período de 2010 a 2016. A análise de quatro modelos mostra conjuntamente que o poder explicativo do preço das ações pelo lucro líquido foi alterado significativamente ao interagir com as variáveis dummy de segregação de empresas por liquidez.

Gabriela Brandão Lopes, Josiel Lopes Valadares, Ricardo Rocha de Azevedo e Antônio Carlos Brunozi Júnior são os autores do artigo “Evidências de isomorfismo e decoupling na gestão de Controladorias municipais do Estado de Minas Gerais”. Este artigo tem como objetivo analisar as práticas em operação em sistemas de controle interno de municípios, buscando fatores que explicariam sua institucionalização nos governos municipais de Belo Horizonte e Uberlândia (MG). Os resultados indicam que mecanismos isomórficos, coercitivos, miméticos e normativos são utilizados no processo de institucionalização de novas práticas de controle interno nos governos subnacionais analisados, sendo as práticas adotadas sobretudo em decorrência de pressões e monitoramento de órgãos externos de controle, como os Tribunais de Contas. Nem todas as práticas de controle estão efetivamente institucionalizadas, o que permitiu inferir que essas são adotadas apenas de modo cerimonial, ou seja, há presença do decoupling em práticas de controle concomitante.

No sexto artigo, intitulado “Despesas de exercícios anteriores: uma análise da relação com a execução do orçamento público e a eficiência na gestão de recursos”, dos autores Saulo Silva Lima Filho e Blênio Cezar Severo Peixe, o objetivo é avaliar a relação entre as Despesas de Exercícios Anteriores e as variáveis associadas ao orçamento e a eficiência de gestão de recursos nas Instituições Federais de Ensino Superior. Utilizando como conceitos a execução do orçamento público, sob a perspectiva de vetor fundamental na consecução das atividades do setor público, e a eficiência na gestão, inerente a Nova Administração Pública, foram mensurados escores de eficiência aplicando Análise Envoltória de Dados, os quais, foram regredidos por meio de Dados em Painel. Os resultados demonstram que a partir desses dois parâmetros estatísticos é possível explicar a variância nas DEA’s, fomentando o debate acerca da responsabilidade na gestão de recursos e sobre a importância do orçamento no planejamento e execução de políticas públicas.

O sétimo artigo, dos autores Luci Longo, Vicente Pacheco e André José Ribeiro Guimarães, tem como título “Mediação dos mecanismos de governança na relação entre capacidade operacional e capital intelectual no desempenho inovador de empresas”. O artigo objetiva analisar o efeito mediador de mecanismos de governança na relação entre capacidade operacional, tecnologia e capital intelectual para compreender o desempenho inovador de Empresas de Pequeno Porte (EPP). Dentre os resultados encontrados, a pesquisa afere que mecanismos de governança está mediando capital intelectual em 32,2% na relação final para o desempenho inovador. Esta mediação é percebida em três dos quatro fatores. O modelo proposto foi capaz de explicar 66,4% do Desempenho Inovador destas empresas. Uma das contribuições da pesquisa é a constatação empírica de que o capital intelectual pode ser promovido a partir da capacidade absortiva, em especial supervisão, que impacta no desempenho das empresas analisadas.

Samir Sayed é o autor do oitavo artigo deste número, intitulado “Financial Reporting como instrumento ideológico para fins hegemônicos: evidências do Banco do Brasil (1853-1902)”. Esta pesquisa objetiva evidenciar e entender como o poder dominante brasileiro se apoderou do Financial Reporting e da Contabilidade como instrumento ideológico e consequentemente de controle hegemônico, através da criação de uma realidade que satisfaça seus interesses materiais. A unidade de estudo é o Banco do Brasil entre 1853 e 1902, fase de muitas mudanças sociais, econômicas e políticas no país. Baseia-se na abordagem crítica, em um estudo de caráter histórico através de pesquisa documental primária, com plataforma teórica do marxista italiano Antonio Gramsci (1891-1937) em suas definições de hegemonia e ideologia. As conclusões apontam que o Banco do Brasil ao longo do período áureo da produção cafeeira nacional foi utilizado pelo poder dominante, apoderado do Estado, para a transferência de recursos para a burguesia, contribuindo de maneira importante para a desigualdade econômica e social em nosso país.

O nono artigo é intitulado “Divulgação do ranking global 100 e o efeito nos retornos das ações: uma abordagem utilizando estudo de eventos”, dos autores Nathállya Etyenne Figueira Silva e Aldo Leonardo Cunha Callado. Ao considerar que as informações e eventos ocorridos podem, em certa medida, alterar os preços dos títulos, e consequentemente seus respectivos retornos, esta pesquisa busca analisar o efeito causado pela inclusão de empresas no ranking Global 100 nos retornos de suas ações considerando os diferentes continentes. Para isso, recorreu-se ao método do Estudo de Eventos, o qual tem a finalidade de testar a eficiência de mercado semi-forte. Os resultados demonstraram que a informação de que determinada empresa está incluída no ranking Global 100 não causou efeito estatisticamente significante, seja positivo ou negativo, nos Retornos Anormais Acumulados-CARs, mostrando que a informação possivelmente já estaria incorporada nos preços.

Por fim, o décimo artigo, dos autores Nayana de Almeida Adriano, Jislene Trindade Medeiros, Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes De Luca, tem como título “Divulgação de despesas com P&D versus inovação: um estudo nas empresas listadas na B3”. O artigo investiga a associação entre a divulgação de despesas com pesquisa e desenvolvimento (P&D) e o nível de inovação nas empresas brasileiras listadas na B3. A amostra reúne todas as 350 empresas listadas na B3 no período de 2015 a 2017. Verificou-se que as empresas da amostra que divulgam despesas com P&D tendem a apresentar número de patentes e valor de mercado superiores aos das empresas que não as divulgam. Entretanto, os resultados da regressão revelaram que na maioria das empresas da amostra a divulgação de despesas com P&D não influencia o nível de inovação.

A Equipe Editorial do ASAA Journal deseja a todos uma excelente leitura!

Prof. Dr. Orleans Silva Martins

Prof. Dr. Paulo Roberto da Cunha

Editores do ASAA Journal